RACISMO? COMUNITARISMO?

Os poderes político, mediático, cultural e económico denunciam furiosamente o racismo. Evidentemente que têm razão. Mas coloca-se a questão: que racismo é assim denunciado? Todos os racismos? Mais: onde acaba o racismo e onde começa o comunitarismo?
O anti-racismo, hoje em dia, serve para tudo. Entre outros, é utilizado, por alguns, como uma arma psicológica para paralisar, neutralizar e colocar de joelhos o mundo branco. Assim, a escalada de ódio contra os Europeus que se manifestou no mundo muçulmano tomando como pretexto o caso das caricaturas de Maomé paralisou os países da Europa tomados como alvo. O Le Monde de 14 de Fevereiro trazia a seguinte manchete: «Europa incomodada face aos ataques às suas embaixadas». E explicava: «Nem o incêndio das embaixadas da Dinamarca e da Noruega em Damasco, nem os ataques contras as embaixadas da Áustria e da França, em Teerão, provocaram reacções fortes dos países europeus (…) A Dinamarca evacuou os seus diplomatas da Indonésia, da Síria e do Irão. A União Europeia não planeia nenhuma sanção face à violência provocada pelo caso Maomé.»
É o que o Le Monde, que sabe manejar o eufemismo com mestria, chama a «abordagem embaraçada deste dossier».
Embaraçada pelo quê? Pelo cagaço de dizer uma verdade politicamente muito incorrecta, a saber, que o mundo muçulmano ficou radiante por humilhar os Europeus, seguros da sua impunidade dado que a sua convicção sobre a cobardia dos europeus, que tremem só de pensar que podem ser acusados de racismo, está plenamente estabelecida. Mesmo na Turquia os manifestantes muçulmanos reunidos em Istambul em frente à mesquita Beyazit vociferavam, com a aprovação tácita das autoridades: «O exército do Profeta é o terror dos infiéis! Mataremos a escumalha cruzada!» (Le Monde, 12 de Fevereiro). Os amantes do kebab têm razão: os Turcos são realmente humanistas e merecem, efectivamente, o seu lugar na Europa…
Mudemos de local. Na ilha de São Martinho, que pertence ao arquipélago de Guadalupe, também há bastantes humanistas (e são franceses, entenda-se). Foi lá que o gendarme Raphaël Clin, da brigada de Marigot, bravo servidor da república, de 31 anos, pai de uma filha de 4 anos, foi morto por um motard doido enquanto tentava, o infeliz, fazer cumprir a lei. Raphaël agonizou no meio da rua enquanto, ao seu redor, os guadalupenses presentes se congratulavam ruidosamente por ver este gendarme, este Branco, em vias de morrer. No hospital, onde sucumbiu às feridas, a sua esposa Stéphanie foi recebida com insultos, aplausos e gritos de alegria e vitória dos guadalupenses: «Matou-se um Branco!» (Minute, 22 de Fevereiro).
Um amigo próximo do gendarme assassinado explica: «Uma parte da população de São Martinho mantém em relação à população metropolitana em geral e às forças da ordem em especial um ódio selvagem. Este ódio tem um nome, é o racismo.»
Não assistiram às exéquias do gendarme Clin nem o presidente da câmara municipal de Marigot (UMP), nem Michèle Alliot-Marie, ministro da Defesa que tem a gendarmerie sob as suas ordens, nem Nicolas Sarkozy, habitualmente tão rápido a consolar as famílias quando a vítima é de origem africana. Quanto a Chirac, evidentemente não teve tempo de enviar uma mensagem de duas linhas à família de um morto sem importância. Um simples gendarme, o que é que interessa? Um simples gendarme, cujo assassinato não comoveu nenhuma das ligas de virtudes anti-racistas, no entanto habitualmente tão rápidas a protestar ruidosamente à mínima oportunidade.
Oito dias após o drama, o único político a ter-se manifestado é Philippe de Villiers, que denunciou o «incrível mutismo dos media e dos políticos face a este acto de racismo anti-branco (…) O silêncio dos poderes públicos, como das associações "anti-racistas", é um insulto à memória deste homem. Onde estão os moralistas, os defensores dos direitos do homem? Haverá dois pesos duas medidas?»
Podemos de facto interrogar-nos, quando vemos Chirac precipitar-se de barriga para baixo na sinagoga da rua da Vitória, em Paris. Acompanhado pelo primeiro-ministro, pelos presidentes da Câmara dos deputados e do Senado, por numerosos ministros – todos com a kippa regulamentar – ele veio, a 23 de Fevereiro, oficializar a importância nacional dada à morte de Ilan Halimi, sequestrado e morto por um bando de delinquentes dirigidos por Youssouf Fofana, costa-marfinense – perdão, francês, dado que parece que este personagem é francesa…
Este interessante gentleman, que faz declarações irónicas à frente de uma câmara de televisão do fundo da sua prisão costa-marfinense (deve ser terrivelmente severa, a prisão…), já tinha sido objecto de 13 processos por roubo à mão armada, roubo com arrombamento, roubo com violência, violências voluntárias, insulto a agentes (pergunta interessante: que condenações puniram estes delitos? Mistério…).
Os dois juízes responsáveis pela instrução consideraram imediatamente «como circunstância agravante o carácter anti-semita do sequestro e das torturas sofridas por Ilan Halimi» (Le Monde, 22 de Fevereiro) – o Ministro da Justiça, Pascal Clément, confirma esta opção – «por outro lado os polícias encarregues da investigação continuam apreensivos quanto a esta motivação.»
«Ilan morreu por ser judeu?». A esta questão colocada por Roger Cukierman, presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (CRIF), Sarkozy respondeu, sem hesitar, pela afirmativa (Jospin, mais cuidadoso, declarou: «há a suspeita de anti-semitismo…»). Empregada de recepção no centro Rachi, que abriga, em Paris, ao mesmo tempo o CRIF e o Fundo Social Judaico Unificado, Ruth Halimi, a mãe de Ilan, é categórica: o seu filho «foi sacrificado em nome de todos os jovens judeus». O mesmo se pode ouvir dos antigos colegas de Ilan, que trabalham numa vintena de lojas da alameda Voltaire, dedicadas aos telemóveis («Quase todas, precisa o Le Munde de 23 de Fevereiro, pertencem a membros da comunidade judaica»): um deles resume o seu ponto de vista afirmando «Se Ilan não fosse judeu, tê-lo-íamos reencontrado vivo».
Este tipo de declaração, reflectido e amplificado por organizações comunitárias «duras» como a Liga de Defesa Judaica, que acusam facilmente o CRIF de «brandura», forçaram as principais autoridades judaicas a endurecer o tom. O Presidente do CRIF inicialmente mostrou-se cuidadoso. Com efeito, ele recorda-se da deplorável impressão deixada por dois acontecimentos confusos: o incêndio de um centro social judaico denunciado como atentado anti-semita – enquanto que o inquérito provou que o incendiário era um judeu irascível – e a falsa agressão «anti-semita» inventada por um mitómano. Mas, pressionado pelos elementos mais activistas da sua comunidade, finalmente alinhou-se com eles.
O comunitarismo levou membros da Liga de Defesa Judaica, aquando de uma manifestação em Paris, a 19 de Fevereiro, a atacar magrebinos e negros (Le Monde, 23 de Fevereiro). Uma engrenagem que os polícias temem («temem relançar a confrontação com os muçulmanos» declarou o tio de Ilan Halimi ao diário israelita Haaretz). Este temor de uma explosão comunitária é compartilhado pelo sociólogo Michel Wieviorka, que pretende fazer abstracção da sua pertença à comunidade judaica para analisar a situação: «Uma pressão muito grande e corre-se o risco de comunitarizar em excesso este caso (…) Seria um erro explicar este crime por critérios étnico-religiosos ou raciais». No entanto concede: «É verdade que, hoje, é sobretudo no seio da população imigrada proveniente do mundo árabe/muçulmano, da África subsariana, mas também das Antilhas, que se encontram todo o tipo de expressões espontâneos de ódio aos judeus».
Comunitarismo? Todos os observadores notaram que a manifestação de 26 de Fevereiro, em Paris, em memória de Ilan Halimi, agrupou essencialmente judeus. E, «de vez em quando, uma grande bandeira israelita era brandida acima da multidão, provocando aclamações.»
- Pierre Vial, Editorial de Março da Terre et Peuple

posted by Nacionalista @ 7:52 da tarde,

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