Revisionismos

Revisionismos há muitos. Ou, pelo menos, dois: o bom e o mau. O primeiro pode ser qualquer um que se refira seja ao que for o que, convenhamos, não acrescenta muito. O segundo, é o outro, o do lazareto, o que se esconde. A questão de saber se existiu um holocausto, em si, não é perigosa. Qualquer um está autorizado a colocá-la. Pior mesmo é questionar o Holocausto, o da maiúscula. Os judeus preferem o termo Shoah, uma espécie de hiato, ausência de Deus da sua obra, como se tal lhe fosse permitido. Para eles, o termo holocausto reserva-se para o sacrifício que celebra a união entre o homem e Deus, interrompida durante o advento nacional-socialista. O primeiro holocausto registado é o de Abraão, quando sacrificou a ovelha em substituição do filho, por suprema imposição de um Deus absurdo que lhe testava uma fidelidade que sabia existir. O problema, aqui, está na arqueologia, na mitologia, na religião comparada, como se preferir. É a ciência a desmentir a tradição. Para a Escola Bíblica de Jerusalém, fundada e mantida por frades franciscanos, e que se dedica a uma investigação rigorosa do mundo bíblico, Abraão não terá passado de um personagem mitológico. Um não-existente elevado à condição de homem real. Logicamente, o seu holocausto que celebraria a união com Deus, perde o seu efeito. Simplesmente, nunca se deu. Os judeus, portanto, sabem-no. Sabê-lo-ão os outros? Pergunte-se a qualquer crente se Abraão existiu e ele garantirá que sim. Tal como muitos ainda poêm as mãos no fogo por Adão e Eva. Se este holocausto não existiu, que dizer do outro, o da maiúscula? Inquestionável e inquestionado Pode-se chegar à linha, mas nunca transpô-la. Quem o fizer é excomungado, é demonizado. É proibido perguntar. O dogma. Não tenho ao lado um dicionário de teologia, mas é relativamente fácil aproximarmo-nos de uma definição. No dogma não se toca, não se estilhaça. Lá dentro repousa a verdade absoluta. O Holocausto é essa verdade, e quem o questiona recebe a punição. À boa maneira inquisitorial, judaísmo a aprender com o cristianismo. Em 1600, o dominicano Giordano Bruno foi queimado vivo. Era católico, mas era antes de mais um homem livre. Cometeu o erro de dizer que o universo podia ser infinito, que podia existir vida em outros planetas, que a terra não era o centro. Passou os últimos nove anos de vida na prisão. Foi torturado, mas não abdicou do que pensava certo. Quantos Brunos existem no revisionismo? Quantos já foram queimados, pelo menos social e academicamente? Quantos já foram encerrados em prisões? Bastantes. Porque perguntaram. O revisionismo diz que não morreu nenhum judeu durante a 2ª Guerra Mundial? Não me parece. Morreram quantos? 1 milhão? 2? Os oficializados 6? 10? Não é o número que está em causa. O que está em causa é um direito à investigação, à pergunta. Algo tão simples como isso, mas que mete medo a muitos. Porque, com os outros revisionismos ninguém se preocupa. Arménia. Congo. Comunismo. Ninguém vai preso se disser que tem dúvidas. Aí são permitidas todas as dúvidas. Durante a 1ª Guerra Mundial, os turcos chacinaram 1.500.000 arménios, muitos deles ao serviço do exército turco. Qualquer um pode investigar. Qualquer um pode dizer que não foi assim. Os turcos dizem-no. Defendem que não houve massacre nenhum e ainda recentemente levaram a tribunal um dos poucos historiadores turcos que afirma a existência do massacre. Congo: desde a queda do regime de Mobutu, no final dos anos 90, morreram mais de 3 milhões de congoleses, vítimas da guerra civil. Se alguém disser o contrário, vai preso? Comunismo: Em 1997 foi publicado O Livro Negro do Comunismo. Acusava os regimes comunistas de serem responsáveis por 100 milhões de mortos. O contra-ataque revisionista surgiu logo sob a forma de outro livro, O Livro Negro do Capitalismo, obra feita por encomenda e sem qualquer rigor científico. Entretanto, Nicolas Werth, um dos autores do Livro Negro do Comunismo viu a sua progressão académica impedida e a sua vida prejudicada. Afinal, quantos revisionismos existem? Quantos são legais? Quantos podem perguntar? Quais os critérios? Ensinam-nos na escola que devemos perguntar, ser curiosos, mas depois, cuidado com o que se pergunta. Pode alguma vez ofender os donos da verdade.
- texto pilhado no Fórum Nacional da autoria do utilizador Turno.

posted by Nacionalista @ 4:20 da manhã,

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