O porquê do sucesso do NPD: "Lançar âncora na vida real"

Como já toda a gente sabe, o NPD conseguiu entrar em mais um parlamento federal alemão, ao obter um resultado de 7,3% em Mecklenburgo-Pomerânia, mas mais importante do que lançar os foguetes, é tentar perceber porque é que estes sucessos ocorrem e, se possível, imitá-los.

A este propósito recomendo dois artigos da imprensa mainstream – um anterior às eleições, o outro posterior – que, descontado o preconceito habitual, merecem ser lidos com atenção.

Estes dois artigos, um do Times, o outro do Deutsche Welle, procuram explicar o sucesso do NPD (não se pode combater eficazmente aquilo que não se conhece, não é verdade?). Qual é então a chave do sucesso do NPD? É aquilo que Bardeche chamava “lançar âncora na vida real” (que o Camisa Negra tantas vezes relembra).

O NPD em especial, e o movimento nacionalista alemão em geral, tem criado uma vasta rede de serviços económicos e sociais (“…ultranationalists own internet cafes and drink delivery services. They run music shops that are stacked with far Right rock bands. (…) Small hotels are being bought up. A giveaway paper called The Island Messenger is edited and published by the extreme Right and is widely read”), que permite, por um lado, tornar os militantes nacionalistas auto-suficientes, eliminando o espectro de despedimento ou de boicote económico (“Firms in right-wing hands hire right-wing sympathisers as apprentices.”), que muitas vezes faz com os nacionalistas se vejam obrigados a refrear as suas actividades e a expressão das suas ideias e por outro, fazendo com que os nacionalistas se tornem parte indispensável da sociedade (“neo-Nazis have become an indispensable part of society in northeast Germany. They sponsor sports competitions and dance evenings. The baker offers loaves with smooth brown crusts called glatze, the German for skinhead.”), chegando mesmo ao ponto de prestarem serviços que se esperaria fossem prestados pelo Estado (“In small towns and villages, right-wing extremists have for the large part taken over civic programs for children and youth, for example.”, “They are in parents' associations in schools and kindergartens or in sports clubs and use their position there to relay their ideas to the people”, “where the state and its educational facilities are increasingly retreating (…) neo-Nazis are investing in youth work”). E é claro, o abandono de algum folclore desnecessário também teve a sua importância (“No thugs with steel-tipped paratroop boots, no ranting xenophobes.”, “…the NPD took on a very civic appearance.”, “It's the idea of the nice Nazi from next door”).

posted by Nacionalista @ 2:45 da manhã,

5 Comments:

At 10:12 da manhã, Blogger Mário Casa Nova Martins said...

Está tudo inventado, também em política. Há é que adaptar a maneira de agir à circunstância.
E, não menos importante, o folclore é para o sítio certo, os festivais de folclore.

 
At 8:06 da tarde, Blogger Nacionalista said...

Peço desculpa ao FSantos e ao Vitor Ramalho por ter recusado a publicação dos vossos comentários por engano. Felizmente recebo no e-mail todos os comentários e por posso aqui ficam transcritos.

FSantos:

"É curioso, e digo-o sem qualquer ironia ou comparação despropositada, que, noutro quadrante completamente diferente, o Hamas baseou a sua vitória eleitoral na AP não tanto na sua agenda islamista como em toda a sua actividade social: alimentos para os necessitados, creches, hospitais, etc. Apesar de todas as óbvias diferenças entre a Palestina e a Alemanha e entre o Hamas e o NPD, ambos os movimentos, rotulados de extremistas, ancoraram-se efectivamente na vida de todos os dias e é isso que interessa à massa votante, cada vez menos preocupada com ideologias.
É também muito relevante a referência ao "abandono de algum folclore desnecessário", algo que devia reflectir muito boa gente bem intencionada."

Vitor Ramalho:

"Defendo precisamente o mesmo.
Bom seria que houvesse mais camaradas a pensar assim."

 
At 8:07 da tarde, Blogger Flávio Gonçalves said...

Nice nazi nextdoor funciona muito bem... mas em Portugal queremos é ser porcos, feios e maus e que as pessoas tenham medo de nós.

É um facto, não é uma calúnia.

 
At 2:57 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Isto é o que eu chamo deixar de brincar à politica e começar a fazer politica a sério.
Quem pensa que os bons resultados obtidos pelo NPD se baseiam exclusivamente em manifestações mais ou menos participadas está caindo na ingenuidade. Nada do que se está passando com o NPD é fruto do acaso. Eles tem nos últimos anos feito um arduo trabalho de campo e agora estão colhendo os frutos.
É uma questão de estratégia, e em Portugal com a crise e as necessidades em que vivemos, com um pouco de inteligência poderia-se fazer algo de muito interessante.

Social-Patriota

 
At 11:26 da tarde, Anonymous Anónimo said...

sempre defendi isso. o dinheiro é mesmo tudo na vida. hoje em dia nao se fazem revoluçoes com armas mas com dinheiro
os alemaes sao exemplares em conseguir o que querem, em conseguir revoluçoes. Sao o povo mais inteligente da europa sem duvida.

 

Enviar um comentário

<< Home