O Estado Novo e a organização do proletariado
terça-feira, abril 25, 2006
Na organização corporativa a mão-de-obra desempenhará seguramente um papel importante.
E neste particular convirá talvez definir, uma vez mais, a posição do Estado.
A velha hipótese do burguês e do proletário, separados por rivalidades ferozes e por abismos sem solução, é uma hipótese que nós temos de afastar do nosso caminho. É uma imagem que fez o seu tempo.
O Estado português não é burguês, como não é proletário. Ambos os epítetos lhe desagradam por igual. Assim, da mesma forma que todo o nosso programa económico tende a evitar quaisquer veleidades de domínio das oligarquias, também não poderemos consentir que por parte do proletariado a sua organização se faça em som de guerra incondicional.
A nossa Constituição encerra os princípios mais altos e mais nobres da verdadeira solidariedade humana.
Todos os homens a quem incumbe realizá-la nos seus aspectos de transcendente alcance estão possuídos dum alto desejo de justiça social e da aspiração por uma vida mais perfeita.
Assim, nunca como agora o operariado encontrou da parte do Estado uma tão aberta intenção de o atender.
Não esqueçam as palavras categóricas que a tal respeito pronunciou já quem hoje orienta toda a política nacional:
«Com a mesma solicitude com que temos acudido a outras necessidades e com a mesma tenacidade com que havemos resolvido outros problemas, até há pouco considerados insolúveis, nós trataremos do seu emprego, da sua habitação, da sua higiene, da sua saúde, da sua invalidez, do seu salário, da sua educação, da sua organização e defesa da sua elevação social, da sua dignidade, nós melhoraremos a sua condição — não digo bem — nós transformaremos a sua posição na vida económica e no Estado. Com as restrições apontadas e com esta outra — que a bem dele (do proletariado) não podemos andar demasiado depressa — o nosso espírito está aberto às mais largas reformas no campo económico e social; só fazemos excepção das que desconheçam o princípio da hierarquia dos valores e dos interesses e da mais perfeita conjugação destes dentro da unidade nacional».
É certo que esta forma de apresentar o problema se afasta bastante da baixa lisonja e das promessas mentirosas que eram de uso em todas as falas dirigidas à massa operária. Mas a questão fica posta com tanta clareza como sinceridade.
Querem os operários portugueses organizar-se em sindicatos profundamente integrados na unidade nacional e tendentes a realizar, na harmonia do Estado Corporativo, os altos fins a que todos aspiramos: um nível de vida mais compensador, um critério de riqueza socialmente mais útil, uma equidade mais justa na ordenação de todas as coisas? Quase que se dispensa a resposta.
Não pode deixar de ser esse o desejo fremente de quantos mourejam o pão de cada dia. Do operário, do empregado no comércio, do pequeno agricultor, de todo o chefe de família que mal ganha para sustentar-se a si e aos seus e para quem a vida, ontem, hoje e amanhã, parece ser só um círculo negro onde não luz uma réstia de sol.
Se é isso que se pede — uma harmonia social mais perfeita dentro duma Pátria amada e respeitada — todos estamos de acordo.
A Nação organizada nas suas corporações económicas e morais encontrará para cada um dos seus filhos um lugar mais justo, uma sorte menos amarga e menos desamparada.
O que deixará de ter sentido é uma intenção reservada por parte dos operários.
Pode em certo momento de desilusão perante a falsidade das promessas dos que enganaram o povo ter-se julgado sinceramente que outro era o caminho da libertação. Mas, repetimos: esse espírito perde agora toda a razão de ser.
O sindicato vermelho, manobrado por dirigentes com ligações internacionais inimigas do bem comum, é um factor de perturbação que vai ser substituído por órgãos verdadeiramente construtivos e comparticipantes da unidade nacional.
Temos de sacudir de uma vez para sempre a intolerável submissão aos mitos que nos pretendem dividir.
Não há luta de classes em Portugal. O Estado português, repito, não se declara capitalista nem burguês, da mesma forma que não aspira a que um dia possa ser exclusivamente proletário.
Tudo isso são expressões ocas de todo o sentido verdadeiramente humano, inimigas dos princípios, altos e belos, que pusemos na nossa nova Constituição, como fachos luminosos e apontar-nos o caminho do futuro.
E neste particular convirá talvez definir, uma vez mais, a posição do Estado.
A velha hipótese do burguês e do proletário, separados por rivalidades ferozes e por abismos sem solução, é uma hipótese que nós temos de afastar do nosso caminho. É uma imagem que fez o seu tempo.
O Estado português não é burguês, como não é proletário. Ambos os epítetos lhe desagradam por igual. Assim, da mesma forma que todo o nosso programa económico tende a evitar quaisquer veleidades de domínio das oligarquias, também não poderemos consentir que por parte do proletariado a sua organização se faça em som de guerra incondicional.
A nossa Constituição encerra os princípios mais altos e mais nobres da verdadeira solidariedade humana.
Todos os homens a quem incumbe realizá-la nos seus aspectos de transcendente alcance estão possuídos dum alto desejo de justiça social e da aspiração por uma vida mais perfeita.
Assim, nunca como agora o operariado encontrou da parte do Estado uma tão aberta intenção de o atender.
Não esqueçam as palavras categóricas que a tal respeito pronunciou já quem hoje orienta toda a política nacional:
«Com a mesma solicitude com que temos acudido a outras necessidades e com a mesma tenacidade com que havemos resolvido outros problemas, até há pouco considerados insolúveis, nós trataremos do seu emprego, da sua habitação, da sua higiene, da sua saúde, da sua invalidez, do seu salário, da sua educação, da sua organização e defesa da sua elevação social, da sua dignidade, nós melhoraremos a sua condição — não digo bem — nós transformaremos a sua posição na vida económica e no Estado. Com as restrições apontadas e com esta outra — que a bem dele (do proletariado) não podemos andar demasiado depressa — o nosso espírito está aberto às mais largas reformas no campo económico e social; só fazemos excepção das que desconheçam o princípio da hierarquia dos valores e dos interesses e da mais perfeita conjugação destes dentro da unidade nacional».
É certo que esta forma de apresentar o problema se afasta bastante da baixa lisonja e das promessas mentirosas que eram de uso em todas as falas dirigidas à massa operária. Mas a questão fica posta com tanta clareza como sinceridade.
Querem os operários portugueses organizar-se em sindicatos profundamente integrados na unidade nacional e tendentes a realizar, na harmonia do Estado Corporativo, os altos fins a que todos aspiramos: um nível de vida mais compensador, um critério de riqueza socialmente mais útil, uma equidade mais justa na ordenação de todas as coisas? Quase que se dispensa a resposta.
Não pode deixar de ser esse o desejo fremente de quantos mourejam o pão de cada dia. Do operário, do empregado no comércio, do pequeno agricultor, de todo o chefe de família que mal ganha para sustentar-se a si e aos seus e para quem a vida, ontem, hoje e amanhã, parece ser só um círculo negro onde não luz uma réstia de sol.
Se é isso que se pede — uma harmonia social mais perfeita dentro duma Pátria amada e respeitada — todos estamos de acordo.
A Nação organizada nas suas corporações económicas e morais encontrará para cada um dos seus filhos um lugar mais justo, uma sorte menos amarga e menos desamparada.
O que deixará de ter sentido é uma intenção reservada por parte dos operários.
Pode em certo momento de desilusão perante a falsidade das promessas dos que enganaram o povo ter-se julgado sinceramente que outro era o caminho da libertação. Mas, repetimos: esse espírito perde agora toda a razão de ser.
O sindicato vermelho, manobrado por dirigentes com ligações internacionais inimigas do bem comum, é um factor de perturbação que vai ser substituído por órgãos verdadeiramente construtivos e comparticipantes da unidade nacional.
Temos de sacudir de uma vez para sempre a intolerável submissão aos mitos que nos pretendem dividir.
Não há luta de classes em Portugal. O Estado português, repito, não se declara capitalista nem burguês, da mesma forma que não aspira a que um dia possa ser exclusivamente proletário.
Tudo isso são expressões ocas de todo o sentido verdadeiramente humano, inimigas dos princípios, altos e belos, que pusemos na nossa nova Constituição, como fachos luminosos e apontar-nos o caminho do futuro.
- Dr. Pedro Teotónio Pereira, Sub-secretário de Estado das Corporações e Previdência Social
posted by Nacionalista @ 9:19 da tarde,
1 Comments:
- At 11:10 da tarde, Mendo Ramires said...
-
As «Memórias», de Pedro Theotonio Pereia, editadas pela Verbo em 2 Volumes (1972 e 1973) são obrigatórias. Um verdadeiro Tratado de História e Ciência Política.