Virtudes da Cooperação
quinta-feira, junho 08, 2006
A COOPERAÇÃO FACILITA A TODOS O ACESSO A PROPRIEDADE
Diz um provérbio francês: «O meu e o teu têm, sido causa de grandes contendas». É verdade. O meu e o teu têm produzido muitas disputas, muitos desacordos, muitas lutas e muitas guerras sangrentas. É por causa do teu e do meu que tantos irmãos se zangam, que tantos vizinhos discutem e se odeiam, que tantos povos se batem e se digladiam, que tanto em perigo todos estamos com os poderes que hoje existem de destruição e de morte. O meu e o teu têm sido um flagelo para a humanidade. Porque não substituí-los então pelo nosso, pelo que é de todos e não pelo que é só de um?
O dr. Charles Gide abordou este ponto quando expôs uma outra virtude da cooperação, que é, uma vez mais, fórmula feliz de resolver dificuldades grandes.
Disse ele:
É uma grande alegria para um homem poder dizer: a minha terra, a minha casa, o meu jardim, os meus rendimentos — alegria que não é de modo algum proporcional à extensão da terra, às dimensões da casa ou do jardim, ao montante das rendas — alegria perfeitamente legítima, aliás, quando tem por objecto bens ganhos pelo trabalho e que responde sem dúvida aos mais profundos instintos da nossa natureza, à prova dos esforços que sempre os homens fizeram para a procurar.
Todavia, os colectivistas querem suprimir este elemento de felicidade que ocupa um tão grande lugar na existência humana. No regime que eles desejam não haverá proprietários de terras ou de casas como não haverá capitalistas, grandes ou pequenos. E porquê? Porque a propriedade individual — dizem — é uma forma de monopólio, um meio de exploração. Talvez; é então preciso corrigi-la, não suprimi-la. O fim das reformas sociais não deverá ser aumentar, em vez de diminuir, a soma de felicidade que pode existir presentemente neste inundo? Ela é já tão pequena!
É aí que está precisamente a vantagem da cooperação. Esta tem por fim, não suprimir a propriedade individual, mas torná-la acessível a todos, se não em forma de propriedade puramente individual, em forma pelo menos, de co-propriedade. Na sociedade de produção ela faz dos operários co-proprietários de seus ateliers, máquinas e instrumentos de produção; na de construção, fá-los co-proprietários de casas; na de crédito, banqueiros de si próprios, e na cooperativa de consumo não somente torna os operários co-proprietários dos armazéns, mas eventualmente ainda das fábricas nascidas destes armazéns e das quintas compradas por eles para as culturas de tantos produtos necessários aos sócios.
Quando os homens disserem: nossa terra, nossa casa, nosso armazém, nossa fábrica — e puderem sentir ao empregar o pronome possessivo colectivo a mesma alegria que sentem quando empregam o pronome possessivo pessoal meu — então sim! — isso será o bastante para indicar que um grande progresso moral se realizou.
Além disso, a Cooperação espera que, generalizando assim a propriedade com todos os benefícios que o facto traz, lhe atenua também seus perniciosos efeitos. No dia em que esta República Cooperativa que ela sonha for completamente realizada, ver-se-ão as grandes companhias mineiras e seguradoras, os bancos, os grandes armazéns, as fábricas, talvez mesmo as explorações agrícolas, numa palavra, tudo o que no regime actual toma a forma de sociedade por acções, ver-se-ão nesse dia — digo— todas elas tomar a forma cooperativa.
E nada disto impedirá que se faça a grande produção, mas esta, em vez de estar nas mãos dos grandes proprietários ou dos grandes capitalistas estará, sim, a cargo dos pequenos proprietários e dos pequenos capitalistas associados.
E daí resultará o seguinte: esta propriedade, num Estado social em que a cooperação seja a única forma industrial, não poderá apresentar desigualdades tão grandes como as de hoje. Porquê? Porque hoje, toda a riqueza nova é feita como se faz a bola de neve, rolando, rolando… uma vez que os dividendos são atribuídos ao capital, ao capital preexistente. Quanto mais se mover mais aumenta. Mas nas sociedades cooperativas, não. Quaisquer que elas sejam — de consumo, produção ou de crédito — os benefícios de sua actividade nunca são distribuídos em proporção com o capital-acção, mas sim au pro rata, quer dizer, proporcionalmente ao trabalho ou ao consumo. O barão de Rothschild, se fizesse parte duma sociedade cooperativa de consumo não receberia muito mais de retorno que um operário associado, pai de dez filhos. Tudo depende das aquisições que o sócio fizer à cooperativa durante o ano». E ele, barão, não poderia ter muito maior consumo que um pai de numerosa prole. E quem sabe, mesmo, se menos.
Diz um provérbio francês: «O meu e o teu têm, sido causa de grandes contendas». É verdade. O meu e o teu têm produzido muitas disputas, muitos desacordos, muitas lutas e muitas guerras sangrentas. É por causa do teu e do meu que tantos irmãos se zangam, que tantos vizinhos discutem e se odeiam, que tantos povos se batem e se digladiam, que tanto em perigo todos estamos com os poderes que hoje existem de destruição e de morte. O meu e o teu têm sido um flagelo para a humanidade. Porque não substituí-los então pelo nosso, pelo que é de todos e não pelo que é só de um?
O dr. Charles Gide abordou este ponto quando expôs uma outra virtude da cooperação, que é, uma vez mais, fórmula feliz de resolver dificuldades grandes.
Disse ele:
É uma grande alegria para um homem poder dizer: a minha terra, a minha casa, o meu jardim, os meus rendimentos — alegria que não é de modo algum proporcional à extensão da terra, às dimensões da casa ou do jardim, ao montante das rendas — alegria perfeitamente legítima, aliás, quando tem por objecto bens ganhos pelo trabalho e que responde sem dúvida aos mais profundos instintos da nossa natureza, à prova dos esforços que sempre os homens fizeram para a procurar.
Todavia, os colectivistas querem suprimir este elemento de felicidade que ocupa um tão grande lugar na existência humana. No regime que eles desejam não haverá proprietários de terras ou de casas como não haverá capitalistas, grandes ou pequenos. E porquê? Porque a propriedade individual — dizem — é uma forma de monopólio, um meio de exploração. Talvez; é então preciso corrigi-la, não suprimi-la. O fim das reformas sociais não deverá ser aumentar, em vez de diminuir, a soma de felicidade que pode existir presentemente neste inundo? Ela é já tão pequena!
É aí que está precisamente a vantagem da cooperação. Esta tem por fim, não suprimir a propriedade individual, mas torná-la acessível a todos, se não em forma de propriedade puramente individual, em forma pelo menos, de co-propriedade. Na sociedade de produção ela faz dos operários co-proprietários de seus ateliers, máquinas e instrumentos de produção; na de construção, fá-los co-proprietários de casas; na de crédito, banqueiros de si próprios, e na cooperativa de consumo não somente torna os operários co-proprietários dos armazéns, mas eventualmente ainda das fábricas nascidas destes armazéns e das quintas compradas por eles para as culturas de tantos produtos necessários aos sócios.
Quando os homens disserem: nossa terra, nossa casa, nosso armazém, nossa fábrica — e puderem sentir ao empregar o pronome possessivo colectivo a mesma alegria que sentem quando empregam o pronome possessivo pessoal meu — então sim! — isso será o bastante para indicar que um grande progresso moral se realizou.
Além disso, a Cooperação espera que, generalizando assim a propriedade com todos os benefícios que o facto traz, lhe atenua também seus perniciosos efeitos. No dia em que esta República Cooperativa que ela sonha for completamente realizada, ver-se-ão as grandes companhias mineiras e seguradoras, os bancos, os grandes armazéns, as fábricas, talvez mesmo as explorações agrícolas, numa palavra, tudo o que no regime actual toma a forma de sociedade por acções, ver-se-ão nesse dia — digo— todas elas tomar a forma cooperativa.
E nada disto impedirá que se faça a grande produção, mas esta, em vez de estar nas mãos dos grandes proprietários ou dos grandes capitalistas estará, sim, a cargo dos pequenos proprietários e dos pequenos capitalistas associados.
E daí resultará o seguinte: esta propriedade, num Estado social em que a cooperação seja a única forma industrial, não poderá apresentar desigualdades tão grandes como as de hoje. Porquê? Porque hoje, toda a riqueza nova é feita como se faz a bola de neve, rolando, rolando… uma vez que os dividendos são atribuídos ao capital, ao capital preexistente. Quanto mais se mover mais aumenta. Mas nas sociedades cooperativas, não. Quaisquer que elas sejam — de consumo, produção ou de crédito — os benefícios de sua actividade nunca são distribuídos em proporção com o capital-acção, mas sim au pro rata, quer dizer, proporcionalmente ao trabalho ou ao consumo. O barão de Rothschild, se fizesse parte duma sociedade cooperativa de consumo não receberia muito mais de retorno que um operário associado, pai de dez filhos. Tudo depende das aquisições que o sócio fizer à cooperativa durante o ano». E ele, barão, não poderia ter muito maior consumo que um pai de numerosa prole. E quem sabe, mesmo, se menos.
- J. Dias Agudo, Virtudes da Cooperação
posted by Nacionalista @ 10:21 da tarde,